Estávamos em 1972 ou 1973 quando um de nós , eu, Zé Augusto ou Toninho Careca ( ao invés de muitos , hoje com uma vasta cabeleira) , teve a infeliz ideia, de ir ás amoras a umas silvas que haviam na curva a seguir ás últimas casas do Bairro Chico Pires, para alguns a “Jamaica”, no sentido Bairro Gouveia-Cabeço Verde.
Bicicletas duas, nós três. O Zé Augusto na pasteleira do pai, e eu, com o Toninho sentado no quadro da especial de corrida, comprada pelo Srº Américo Pinto, pois com o seu belo carrinho tinha atropelado à frente da sua tasca aquela com que o meu pai tinha ganho a volta ao Algarve.
Pelo caminho, o Toninho ia-se queixando das pernas, e como eu era o único que sabia o local das silvas, respondia-lhe:
- Tem calma que estamos a chegar.
Após a sua última queixa, a bicicleta ganhou embalagem na ligeira descida em direcção á “Jamaica”. O Toninho tão aflito que ia coloca o pé na roda da frente, qual pássaro voador, saio num voo picado da bike por cima dele, indo aterrar mais á frente de nariz por não ter tido tempo de pôr as mãos á frente. Ele aterrou logo, só que foi de cabeça, não tendo os reflexos que se impunham de guarda redes da sua estirpe. Se fosse numa futebolada era desonrado de tudo. Atordoado, não sabia a quantas andava, preocupando-se exclusivamente com o sapato então perdido, depois do” entalanço” nos raios .
Na altura os carros eram poucos naquela estrada, até que apareceu um mini que ao parar, o condutor se apercebeu da gravidade da situação. Transportado ao Hospital de Alhos Vedros, que tanta saudade nos deixa e lembrança dos tempos em que fazíamos a correr em sua direcção, o som da sirene da ambulância depois de mais uma cabeça partida na guerra da pedrada (pedra real).
Entretanto, eu e o Zé a “penantes” porque a minha bike tinha o garfo partido devido ao facto de na altura do acidente a roda da frente ter saído do encaixe, fazendo o garfo bater no alcatrão.
Ao chegarmos ao Hospital qual é o nosso espanto! O Toninho tinha ido de urgência para S.José. Ficámos destroçados.
Malditas amoras.
JOMAREDI
quarta-feira, 2 de maio de 2007
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1 comentário:
Tantas e tão boas recordações desses tempos das viagens às amoras. Um agradecimento especial ao autor pelas recordações que nos trás.
Mas não queremos também deixar de sublinhar as palavras do autor, sobre essa presença entre nós, quase desconhecida por completo, mas que a partir de agora ficará registada em aberto nos anais das nossas estórias, de um conterrâneo nosso, outrora campeão de uma Volta ao Algarve, em ciclismo.
Valorosos acontecimentos como este que se regista não devem cair em esquecimento.
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