O Movimento das Forças Interrogativas (MFI), é Fixe. Ora aí está uma sigla interessante, se a compararmos com as que acompanharam a revolução democrática de Abril. Talvez um bom indicador de que hoje estamos a pensar melhor e com mais imaginação que há 30 anos. Por isso substitua-se o desespero e a tristeza, pela esperança e pela confiança. Mesmo tendo de se gramar com o Sócrates.
Equivalente ao MFI, na altura, só mesmo o MFA(P), Movimento das Forças Armadas em Parvas. Senão vejamos alguns exemplos:
- MRPP, Movimento Revolucionário do Partido do Proletariado. Só conheço uma pessoa que ainda hoje era capaz de pôr esta sigla num Movimento. Bem, talvez duas.
- PCP(R), Partido Comunista Português Reconstruído. Naturalmente que depois de todos os Partidos Comunistas, Russo, Chinês, Albanês, Portugal tinha que arranjar um melhor que os outros todos. E quantos rios de tinta foram gastos para o legitimar. Como seria engraçado ver outra vez alguns amigos meus a vender o Bandeira Vermelha. Claro que hoje seria mais natural tratar-se do jornal do Benfica.
- PCP(ML), Partido Comunista Português Marxista Leninista. Uma vez um conterrâneo amigo levou-me a um comício deste partido. Pretendia angariar novos simpatizantes. O homem do discurso era na altura o Eduíno Vilar. Foi daqui que veio o Francisco Louçã, se não estou em erro, ainda antes do PSR (Partido Socialista Revolucionário). Enfim, um acontecimento digno do “isto só vídeo”.
- Ou até da CACAV, sigla que nem precisa de comentários. Sem dúvida que Movimento das Forças Interrogativas está a léguas de distância em termos de bom gosto.
- Isto já para não falar na OCMLP, da FEC(ML), da UEDP, do COPCON, ou do POVO UNIDO QUE LAVAS NO RIO, da tal GAIVOTA que voava, voava (claro que agora é a Águia Vitória), do AVANTE camarada Avante, ou de uma ESTÀTUA DE FEL A ARDER... E é claro que, pelo meio, acabava sempre por aparecer o Tino Flores, que antecedia as discussões sobre os inconvenientes das refeições burguesas onde entrasse o marisco, ou as razões porque os gajos que iam aos bailes eram social-fascistas.
Hoje a coisa está mais refinada. O PCP já não é comunista, embora ainda se inspire nas ideias de Marx, mas evita dizê-lo em voz alta por causa dos “mal entendidos”. O PS, já há muito que tirou o Socialismo da gaveta e meteu-o no lixo, juntamente com o arreda Marx Satanás, e tornou-se um Partido Social Democrata. O Partido Social Democrata é acima de tudo neo-liberal (muito mais que democrata) e o Partido Popular de popular terá pouco ou nada, já que é o mais elitista de todos. E por aqui estamos conversados.
É também claro que daqui a uns aninhos vai haver um Referendo sobre o SIM ou Não à liberalização do Aborto, por proposta apresentada na Asssembleia da República pelo PP(R), Partido Popular Reconstruído (de novo liderado por Paulo Portas), aprovada por maioria com os votos a favor também do (regressado) PPD, este, contudo, em vias de se transformar em PSL. A grande novidade será a oposiçao militante do Bispo da Moita, o que lhe custará caro por cauda das pressões do AVP (Alhos Vedros ao Poder). No tempo em que o Presidente da República será, naturalmente, o Dr. Pedro Santana Lopes.
E é assim que seguirá todo este en-fado da política que se vai vivendo cá no Burgo. O Plano Director Municipal, a OTA e o TGV abordaremos mais tarde na secção dos lobbies-homens.
Luis Carlos
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007
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6 comentários:
As Estórias estão, outra vez, no Jornal O Rio desta quinzena.
Quais?
A propósito de Siglas e afins:
Na altura quando a CACAV se estava a iniciar cheguei a propor a sigla/ acrónimo CACA. Achava eu, no alto iluminado dos meus 20 e poucos anos que era uma sigla com mais impacto. Valeram-me a experiência e o bom senso de pessoas mais maduras como o Raminhos (o Grande Raminhos), que me conseguiram demover.
Fiz esta proposta porque achava que nos iriam ouvir, isto num tal Alhos Vedros (dos anos 80) em que nada acontecia. Era o que dizia o Luís Fosh, quando pronunciava uma das suas palavras preferidas: "temos que sair do Marasmo".
"Marasmo" para dizer que nada acontecia e que o mundo em geral e o velho burgo em particular estava à beira da alienação.
Hoje reconheço que marasmo e alienação é o que vivemos hoje se deixarmos de olhar com atenção o que está à nossa volta. Quanto à CACAV faço-lhe a devida continência pelo trabalho desenvolvido até hoje e reconheço que, de modo nenhum, lhe assentaria o acrónimo de CACA, mesmo que isso pudesse ter o impacto que até poderia ter (quem sabe!?).
Um abraço à própria (CACAV) e o reconhecimento pelos serviços culturais que prestou e presta ao Concelho da Moita.
Já agora: quantas Estórias teriamos que contar sobre esta nobre “Instituição” a que toda a gente reconhece com CACAV?•Falta escreverem sobre a CACAV! Quem será capaz de lançar a primeira letra?
Luís Mourinha
Não sei se sabes, as perguntas são poderosas. podem desarmar qualquer um. Por analogia, se a cantiga era uma arma nos tempos da revolução, hoje (e sempre) as perguntam disparam contra a rotina e contra a alienação. Nesse sentido são uma arma contra a burguesia, digo, contra a a indiferença e contra o capitalismo dominante.
"a cantiga é uma arma
contra a burguesia,
tudo depende da bala
e da pontaria..."
Luís Mourinha
Meu caro, eu acho que o MFI é mesmo fixe. Adoro a sigla. E é claro que as palavras são poderosas, e algumas são poderosíssimas, para o bem e para o mal. Podem erguer e destruir, coisas e pessoas, com uma facilidade incrível, e encontramos exemplos infindos nos escribas da nossa praça. Quanto à analogia com a canção do Mário Branco "A Cantiga é uma Arma", naturalmente, que "tudo depende da raiva ou da alegria"...
A Estória publicada no Rio foi "Sem Abrigo" e continua a ser um texto conjunto.
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