segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

DAQUI FALA O MOVIMENTO DAS FORÇAS INTERROGATIVAS

"O Povo Unido Jamais Será vencido"

Recordo esta frase, como se fosse hoje. Era uma máxima popular do pós-vinte e cinco de abril de 74 e através dela se reuniam forças e convicções. Nesse dia não tive aulas. A Escola de Alhos Vedros fechou portas e as pessoas estavam todas na rua. Confesso que foi um dia estranho, que só assimilei mais tarde, dentro daquilo que era possível nos meus onze anos de idade. As festas de 1 de Maio, Dia do Trabalhador, abriram-me algumas portas da minha lucidez ainda muito afectada. Não poderia ser mau: dias sem aulas, festas nas ruas, pessoas felizes, liberdade de expressão e o fim da Guerra Colonial. Nesse dia histórico fomos para Lisboa, ao som das buzinas do Ami 8. No Parque Eduardo VII bandeiras e multidões gritavam em unissono: "O Povo Unido, jamais será vencido". "Fascismo nunca mais". Era insólito, estranho, novo... mas era real. Gritei, porque todos gritavam e nesses prantos de alegria percebi que se tratava do inicio de uma nova Era. Era o primeiro dia do resto das nossas vidas jovens e promissoras.
Outros tempos, tempos idos, convições passadas, ideologias vencidas.Na verdade, hoje em dia as convicções são outras e as energias/ forças estão concentradas/ apontadas noutros sentidos.
O que é verdade é que o povo foi vencido e a democracia já não se compadece com etimologias ou convicções passadas. O governo já não é do povo e já nem se sabe o que é o povo. Aliás, ninguém é povo. Todos se consideram acima do povo ou pelo menos à margem desse antigo cliché.
O que é verdade é que já não reconhecemos a democracia que descobrimos em Abril, nem se sabe ao certo onde se "situa", se bem que todos afirmamos viver num sistema democrático.
Se é verdade que a democracia actual venceu o povo de Abril, também é verdade que é preciso repensar o que é isso de democracia no Portugal do Século XXI. O que é que a UE e a globalização fizeram aos ideais do Vinte Cinco de abril? Onde está o povo que jamais seria vencido? Quem tramou (e calou)o povo que jamais seria vencido?
(Daqui fala o Movimento das Forças Interrogativas (MFI),
com uma série de perguntas e perplexidades.)
Dialógico Ponto Com

3 comentários:

ESTÓRIAS DE ALHOS VEDROS disse...

O Movimento das Forças Interrogativas é Fixe. Ora aí está uma sigla interessante, se a compararmos com as que acompanharam a revolução. Talvez um sinal positivo de que hoje estamos a pensar melhor e com mais imaginação que há 30 anos. Por isso substitua-se a esperança e a confiança pelo desespero e pela tristeza. Mesmo tendo de se gramar com o Sócrates.

Equivalente a este, na altura, só mesmo o Movimento das Forças Armadas em Parvas. Senão vejamos alguns exemplos:

- MRPP, Movimento Revolucionário do Partido do Proletariado. Só conheço uma pessoa que ainda hoje era capaz de pôr esta sigla num Movimento. Bem, talvez duas;

- PCP(R), Partido Comunista Reconstruído. Naturalmente que depois de todos os Partidos Comunistas, Russo, Chinês, Albanês, Portugal tinha que arranjar um melhor que os outros todos. E quantos rios de tinta foram gastos para o legitimar. Como seria engraçado ver alguns amigos meus a vender o Bandeira Vermelha, o jornal do Benfica.

- PCP(ML), uma vez um conterrâneo amigo levou-me a um comício deste partido. Na altura chefiado pelo Eduíno Vilar. Donde veio o Francisco Louçã, senão estou em erro, ainda antes do PSR (Partido Socialista Revolucionário).

- Isto já para não falar na OCMLP, da FEC(ML), da UEDP, do COPCON, ou do POVO UNIDO QUE LAVAS NO RIO, da tal GAIVOTA que voava, voava (claro que agora é a Águia Vitória), do AVANTE camarada Avante, ou de uma ESTÀTUA DE FEL A ARDER... E é claro que, pelo meio, acabava sempre por aparecer o Tino Flores, que antecedia as discussões sobre os inconvenientes das refeições burguesas onde entrasse o marisco, ou as razões porque os gajos que iam aos bailes eram social-fascistas.

Hoje a coisa está mais refinada. O PCP já não é comunista, ainda se inspira nas ideias de Marx, mas evita dizê-lo em voz alta. O PS, já há muito que tirou o Socialismo da gaveta e meteu-o no lixo, mais o arreda Marx Satanás, e tornou-se um Partido Social Democrata. O PSD, queria chamar-se outra vez PP e o Paulo Portas sonha com o CDS.
É claro que daqui a uns aninhos vai haver um referendo sobre o SIM ou Não à liberalização do Aborto, por proposta apresentada na Asssembleia da República pelo PP(R) e aprovada com os votos a favor também do PPD. A grande novidade será a oposiçao militante do Bispo da Moita que lhe custará caro. No tempo em que o Presidente da República será, naturalmente, o Dr. Pedro Santana Lopes.

E é assim todo este enfadonho da política que se vai vivendo cá no Burgo.

Luis Carlos

ESTÓRIAS DE ALHOS VEDROS disse...

Sou partidário do MFI.
Uns contentam-se com o voto de 4 em 4 anos; outros distribuem panfletos; outros conversam na esquina e dizem mal da vida.

Eu pergunto. E enquanto pergunto procuro respostas. Mesmo que não as encontre refaço o caminho da minha indignação.


MFI sempre!
Interrogativos de todo o mundo, uni-vos!

ESTÓRIAS DE ALHOS VEDROS disse...

O comentário ao MFI já foi promovido a "post" dado o seu apressado e pouco cuidado arrumo. Agora a coisa está um pouquinho mais depurada, mais de acordo com a sua original essência.

Luis Carlos