sexta-feira, 4 de abril de 2008

MFI - a eternidade em debate

"...ainda e sempre a Eternidade. Até acabo por achar que lhe somos muito deficitários e que, sem dúvida, a devíamos eleger como a razão primeira da nossa busca de conhecimento por cá, coisa que a política moderna e a ciência não têm conseguido discernir."

a frase é do Luis Santos
(em resposta, a um comentário do António Tapadinhas no "Passar o Azul")

- Será que vos merece a ideia de eternidade algum comentário?

16 comentários:

Ana Margarida Esteves disse...

Merece com certeza, visto que estamos na fase de nos libertar do pensamento Cartesiano. Conhecem o filme "Esoteric Agenda" que esta no youtube? Fala, entre outras coisas, da necessidade de abandonarmos a nocao artificial de 'tempo" que nos governa e de votlarmos a nos reger pelo tempo ciclico da Natureza, que em vez de regimentar, como o faz o tempo do relogio, liberta. O tempo ciclico da Natureza e a propria Eternidade.

ESTÓRIAS DE ALHOS VEDROS disse...

Obrigado pelo seu comentário Ana. Devemos referir que a Ana escreve-nos dos EUA e utiliza um computador sem acentos, daí "esta", "nocao", "ciclico", "relogio", "e", "propria".

Bem, Ana não conhecemos o filme, mas ficaremos atentos. Retivémos, além do mais, a preciosa expressão como termina o seu comentário: "O tempo cíclico da Natureza é a própria eternidade".

A.Tapadinhas disse...

Vou colocar uma hipótese, académica, mas altamente estimulante.
A rapidez com que o observador se desloca faz encolher o espaço e aumentar o tempo. Temos a sensação de que o síncrono passar dos segundos é imutável, mas está provado que não.
Por absurdo (?) se o observador for aumentando a sua velocidade, ultrapassando a da luz, conforme está demonstrado ser possível (desculpa Einstein!), o tempo vai ficando mais lento, mais lento, mais lento...
Deus deu-nos uma alma que nos confere a Imortalidade; quem acreditar neste conceito tem a Eternidade ao seu alcance porque a sua morada é lado a lado com a Imortalidade. Para os outros resta acreditar que a velocidade pode aumentar até fazer parar o tempo. A velocidade maior que podemos conceber é a do nosso pensamento... et voilá! É pelo pensamento que temos a Eternidade ao nosso alcance!
Eu preferia que fosse pela Pintura!
:)
A. Tapadinhas

Estudo Geral disse...

Muito estimulante, António. Quer dizer, quando nos conseguirmos deslocar acima da velocidade da luz teremos todo o tempo do mundo. Mas será que basta lá chegarmos em pensamento? E o corpo? E a Terra? E o Sol?
Ou será que quando dizemos pensamento isso poderá equivaler-se ao que chamamos de alma? Se assim fosse, a nossa meta suprema na vida seria pôr a alma a funcionar numa velocidade maior que a da luz, ou qualquer coisa equivalente, que nós não conseguimos nomear. Mas já agora, o que é a alma? Será que a alma existe?

Quando a Ana equivale a Natureza à própria eternidade, se o Homem também é natureza, então podemos concluir que o Homem é também a própria eternidade. Ou não?

CIDE disse...

Nascemos para ser eternos. Mas a mortalidade é a nossa Natureza. Por isso plantamos árvores, escrevemos livros e somos pais.
Para isso há o tempo. Tempo cronológico que não se compadece com o outro tempo- o tempo de todos os tempos. Por isso, Freud estávivo, o Elvis continua a dar Concertos e o Mather Lhuter King continua a ter um sonho.

Luís Mourinha

A.Tapadinhas disse...

A alma é o nosso pensamento. Sem pensar não temos consciência do nosso eu. À boa maneira de Descartes "cogito ergo sum", direi:
O homem que não pensa, não pode ter consciência de si, logo, não existe.
Pensar é viver!

Felicidade na Educação disse...

Sem a cultura da consciência cósmica através da experiência regular da transcendência dos aprioris kantianos,isto nada é mais do que falar sobre o próximo portal da humanidade.

Se falamos de eternidade é porque estamos a ir para ela.

Por outro lado, estaremos ainda a sonhar que não somos... quem somos... pode ser, embora na realidade 'vivamos' mais pelo lado da interrogação do que pela admiração de quem somos.

DESCOBRIR A NOVA ÍNDIA talvez dê ao Tejo o fluxo do
Sagrado vindo do Ganges - eis a próxima DESCOBERTA; a Imortalidade aproxima-Se quando a consciência e x p a n d e.

Ou Mudança de Rota de um barco chamado PORTUGAL...

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Paula Soveral disse...

a eternidade é a própria natureza em cada microsegundo de sua manifestação. TUDO é eternidade, tudo coexiste simultaneamente... menos o tempo, porque esse não existe! é apenas mais uma peça do Lego que inventámos para brincar. Ah! o grande sopro cósmico da Criação, que tudo cria e descria! somos pó, poeira cósmica que vai e vem em cada sopro de Respiro, contracção e expansão... e tudo isso, é o Eterno a brincar aos universos!
Está aí um filme muito interessante a propósito de eternidade, chama-se "Eu não estou aí!" (sobre a(s) vida(s) do Bob Dylan), não percam!

ESTÓRIAS DE ALHOS VEDROS disse...

"O Homem é aquilo que pensa" disse Buda, setecentos anos Antes de Cristo, ouvi eu dizer ontem.

Tenho todo o respeito por todos os textos sagrados, sejam Védicos ou Hindús, venham dos Árabes ou dos Judeus, de Buda ou Lao-Tsé...

Todas as pessoas com as suas crenças e fé merecem-nos a maior atenção, e esperamos que o seu sentimento seja recíproco. Esperamos e desejamos que o tempo das fogueiras inquisitórias, da eliminação do outro só porque ousava ser diferente, pertença a um passado triste e de má memória.

Também nós temos a nossa matriz espiritual e para lá das pontes que podemos e devemos estabelecer com todos os outros povos e civilizações, devemos integrar e desenvolver o que é nosso.

Recuando, até, ao paganismo lusitano que continua vivo, mas, sobretudo, desenvolvendo a nossa matriz cristã que nos dá os instrumentos necessários para uma magnífica navegação à bolina, com vela triangular e tudo.

Creio que era a essa espiritualidade portuguesa, ou deverei dizer lusófona(?), de interesse mundial, e mais além, que Agostinho da Silva se referia quando rebuscou do fundo da nossa alma histórica o culto popular do Espírito Santo.

Ele que dizia que a melhor religião, decerto, seria aquela que conseguisse pensar todas as outras...

Ou será que não foi bem assim?

Luis Santos

MJC disse...

Olá a todos.

Pensei não dizer nada por se tratar de um assunto que manifestamente não domino nem sei o que é, mas, depois, movido pelo desejo de participar, pensei em tentar dizer alguma coisa assim como quem pensa em voz alta mesmo correndo o risco de dizer coisas parvas e sem qualquer sentido.

É qu'isto da eternidade é muito tempo - ao ponto da ausência completa do conceito "tempo" - e aquilo que ontem - em matéria de racionalidade e conhecimento científico - era tido como absoluto é hoje rebatido e tratado como absoleto.

Por isso, talvez, que a eternidade seja a ausência, já, de pensamento.

O que se sabe não precisa já ser pensado pois que, tendo-se incorporado, constitui-se, assim, a própria substância de tudo.
Tudo que pode ser traduzido, também, pelo "grande nada" que, por sua vez, é tudo.

Acho que era isto que eu queria dizer.

abraços.

m. joão

ESTÓRIAS DE ALHOS VEDROS disse...

Pois, no início era o Verbo. E antes?

Quanto à eternidade ser muito tempo, para alguns até pode ser que seja. Outros não podiam estar mais de acordo: onde não há pensamento não há tempo.

Por nós, depois, estaremos muito mais à vontade para falar das coisas da cidade (em grego, polis), ou seja,do exercício da cidadania.

Não achas(m) Luís(meus caros alquimistas)?

ESTÓRIAS DE ALHOS VEDROS disse...

Desta é só para vos dizer que há alguém que vai deixando uns comentários que diz "see here" (veja aqui)para se clicar em cima. Ignorem o gajo e nunca cliquem. Disseram-me que tem vírus.

Luis Carlos

Felicidade na Educação disse...

Já agora o Zeigeist 'the movie'pode espelhar o mal-estar da consciência de um espírito ocidental do tempo com o qual não me consigo identificar.

O Tédio implica o definhamento do negócio da autoridade sobre a verdade, do medo sobre o amor.

Por outro lado...
Henry Bergson e a Duração --- é aquilo que se poderia chamar tempo de consciência expandida, liberta para o pleno repentismo da vida; daí Proust, daí o grande irlandês James Joyce.
Daí a música serial, os quadros de Vieira da Silva, daí a Tecno e o Jazz.
A primeira obra literária que li na minha vida chama-se 'Eternidade' - é de Ferreira de Castro. Vale a pena. Ainda dura...

A Eternidade é interior e quando um homem quiser...

Estudo Geral disse...

"tempo de consciência expandida, liberta para o pleno repentismo da vida" (!!!)

"A Eternidade é interior e quando um homem quiser..."
(!!!)

Gostamos muito destas afirmações.

Felicidade na Educação disse...

Qualquer pessoa que procure a sua terna-idade terá de se descomprometer totalmente com os outros...
A não ser que siga pelo caminho do meio, o que implica uma crítica visibilidade social desse descomprometimento.
Ser descomprometido... é obra!