Quando era miúdo a Vala Real situava-se já Pinhal do Castanho adentro e passar para o outro lado era uma aventura indescritível, porque imaginávamos cobras venenosas e outros animais selvagens que podiam de repente saltar por detrás dos arbustos, qual Adamastor, e causar danos físicos irreparáveis. Era lá que naquele tempo íamos à lenha e à vegetação mais seca, com que depois ateávamos as enormes fogueiras para festejar os santos populares. Éramos especialistas em saltar à fogueira. Espaçadamente lançávamos o rosmaninho no braseiro, ateando violentamente o lume e lá íamos nós pelo meio das labaredas concretizando mais um salto de belo efeito. Umas vezes a sólo, outras vezes aos pares. Ali passávamos o serão, ou então íamos de fogueira em fogueira à procura da melhor animação, do bailarico, do petisco e das doces cachopas que nos prendiam o coração. As fogueiras foram com o Pinhal, mas a Vala Real ainda existe. Bem, de vez em quando também temos santos populares. O que eu me lembrei hoje do São Pedro.
Luis Santos
1 comentário:
Valas Reais há muitas, disseram uns mais velhos, uma na Moita, outra em Cóina, e por aí fora.
Nunca tinha pensado no sentido da palavra. Desde miúdo que convivo com Ela, mas o seu significado passava-me completamente ao lado. Agora pressinto, depois da achega que me deram em conversa, que foram valas construídas aquando de uma qualquer Reforma Agrícola monárquica com o objectivo de se poderem regar as culturas com a água que vem descendo da Arrábida. Digo bem, pressinto.
Luis Santos
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