quinta-feira, 1 de maio de 2008

Alhos Vedros: Uma Vila com História

Alhos Vedros na Expansão Portuguesa

(...)
A conquista de Ceuta, projecto que fazia parte das intenções do monarca (D. João I) desde pelo menos 1410(...).

A morte da Rainha Dona Filipa de Lencastre em Odivelas a 18 de Julho de 1415, em consequência de um surto de peste que assolou Portugal durante os anos de 1414-1416, com particular incidência na cidade de Lisboa, veio ensombrar a iniciativa. D. João I, seu marido, retirou-se para Alhos Vedros. O monarca tentava, desta forma, afastar-se do pesado ambiente familiar, próprio das circunstâncias, (e provavelmente dos contágios, mais frequentes na capital) para recuperar de tão funesto acontecimento. Estava acompanhado pelo conde de Barcelos, seu filho ilegítimo, e por Gomes Martins de Lemos.

Os infantes encontravam-se no restelo. Preocupados, decidem contactar seu pai, embarcando em batéis pouco depois da meia noite, chegando pela madrugada a Alhos Vedros, onde o encontraram "muy anoiado e vestido de panos timtos". A questão era saber a opinião do monarca acerca da iniciativa que iria marcar historicamente a expansão europeia: a conquista de Ceuta. D. João, muito debilitado, encarregou D. Duarte e seus irmãos, de reunir com os restantes elementos do Conselho, pelo que estes regressaram de imediato ao Restelo.

A reunião parece ter sido bastante conflituosa. As opiniões sobre a decisão a tomar estavam divididas ao meio. Dos catorze elementos que a compunham, sete manifestaram-se a favor da partida, enquanto que os restantes sete decidiram-se pela negativa.

Perante tal impasse, os infantes voltaram de novo a Alhos Vedros no Domingo, 21 de Julho, para informar o rei dos resultados da reunião do Conselho, e este foi, no meu entendimento, o momento crucial do evento: o parecer favorável do rei, assim como do Conde de Barcelos e de Gomes Martins de Lemos que o acompanhavam, foi decisiva para o início de um dos fenómenos mais marcantes da História da humanidade. A frota deveria levantar ferro na Quinta-Feira seguinte, 25 de Julho, rumo a Ceuta.(...)

(in, António Ventura (2008), Alhos Vedros na Expansão Portuguesa. Alhos Vedros: Ed. Alius Vetus, Assoc. Cultural História e Património, Revista Foral 2014, nº2, p.19)

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