domingo, 17 de junho de 2007

Do Falar e do Ouvir (ou do Conversar e do Discutir)


DO FALAR E DO OUVIR

Mais do que gostar, todos nós sentimos necessidade de falarmos, de darmos as nossas opiniões sobre o que nos rodeia. Faz-nos sentir bem, o facto de sabermos falar e emitirmos opiniões valiosas que põem os outros atentos, de ouvidos à escuta. Gostamos de ser adorados, admirados, que nos transmitam amor.
No entanto, para que se possa falar tem que haver alguém disposto a ouvir, ou que fique até mal disposto, sem que arrede pé do que fala, para que possa contrapôr.
E, então, será tanto importante saber falar como saber ouvir. Só que o falar torna-nos activos, líderes, campeões, o que no mundo da concorrência e da competição é o que mais importa; enquanto o ouvir torna-nos passivos, secundarizados, derrotados, remetidos para segundo plano.
Porém, se tomarmos como referência de conduta valores diferentes aos da concorrência e da competição como, por exemplo, valores mais próximos da amizade e do amor, essa lógica altera-se, e o falar/ouvir assume também uma dimensão diferente. Passa a ser recomendável que se dê ouvidos a quem fala, para que o contrário não seja menos verdadeiro. Ou seja, convém tanto ocuparmo-nos com o falar como com o ouvir, sem que haja a pretensão de se partir o tempo em partes iguais como acontece com os debates políticos da T.V..
Também a música é feita de sons e de silêncio, embora nos tempos que correm se priviligie bastante o barulho e o ruído.

24/6/94, Dia de S. João
Luis Carlos Rodrigues - Professor


Meu caro amigo Manuel João:

Se tiver paciência para isso
Faça rodar o papelinho
Pelo Rui, o camionista,
E pelo músico João Martinho.


in,
SANTOS, Luis Carlos dos - Do Convento. Setúbal: Livraria UNI VERSO Editora, 1996.

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