AO ENCONTRO DA PÁTRIA
Escrevo este texto no dia 5 de Outubro, dia da República (e não esquecer também, o dia Mundial do Professor) e talvez por isso tudo o meu pensamento se dirija para as questões da “portugalidade” e da República (“coisa pública”). Tudo isto me transporta para o maior bem, quanto a mim o mais elevado de todos – a cultura, em particular, a cultura portuguesa.
Retiro daqui qualquer consideração política (embora tudo seja política, uma vez que tudo diz respeito à nossa vida na “polis”) e também penso que me deva abstrair de acepções eruditas de cultura, que para aqui nada interessam. Refiro-me à cultura como modo de vida, modo de estar e de ser que caracteriza um povo. Também não me interessa o povo no sentido lato, mas a “pessoa colectiva”, consolidada na Língua comum, que os nossos escritores muito bem souberam retratar e que melhor nos caracteriza. Desde Camões a Fernando Pessoa muitos foram os mensageiros dessa Pátria Linguística, comum, não esquecendo a noção de Império transmitida pelo Professor Agostinho da Silva. Interessa-me muito mais pensar na Cultura portuguesa como expressão de Lusofonia, do que como organização política.
Estou convicto de que em cada um de nós existe uma “pessoa” que está para além da nossa individualidade. A essa “pessoa” chamo Pátria. A nossa Pátria a que Fernando Pessoa chamou cultura, que se representa na Língua, a Língua portuguesa. É uma certa “mensagem interior” que nos caracteriza enquanto portugueses. Em vez da geografia, a nossa verdadeira bússola é aquilo que dizemos, a forma como dizemos as coisas. O nosso verdadeiro espaço de globalização não tem espaço físico determinado. Vai da Europa à Ásia passando pelas Américas, ancorando em África e um pouco por todo o lado. Onde se fala português habita a ”pessoa colectiva”, a pessoa comum, a nossa Pátria.
É desse “lugar” supra-geográfico, ou seja, que está para além das determinações geográficas, sem fronteiras e limitações políticas, um certo “lugar português” que tratam os Sites que encontrei e que gostaria de partilhar convosco: o MIL (Movimento Internacional Lusófono) em http://www.novaaguia.blogspot.com/ e o Site da Associação Agostinho da Silva, http://www.agostinhodasilva.pt/
Ambos reflectem o que de mais profundo existe em nós, a Lusofonia, a nossa maneira ancestral de ser e de pensar, o nosso mais profundo Império, o da Língua portuguesa. É essa globalização que nos é sugerida nestes Sites como “caminho” a seguir, como alternativa das alternativas.
In Jornal Margem Sul
Luís Manuel Mourinha
Alhos Vedros, 5 Outubro 2008
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
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5 comentários:
(...)Estou convicto de que em cada um de nós existe uma “pessoa” que está para além da nossa individualidade. A essa “pessoa” chamo Pátria. (...)
Embora sintética, esta é uma das definições de pátria mais comoventes e à qual adiro sem reservas.
O sentimento de pertença a algo superior e exterior ao "eu"(embora o "eu"também lá esteja) que amamos e nos impulsiona para ...
Parabéns. Abraços.
m.j.
O sentitido de pertença "preenche" a nossa identidade, completa o nosso EU.
Luís Mourinha
Sim, sim, é o reconhecimento, aceitação e encontro com o outro (aqui colectivo ou, talvez, sempre colectivo)que nos devolve a parte de nós que sendo (também) nossa não nos pertence em exclusivo.
m.j.
E se fosse assim: "Estou convicto de que em cada um de nós existe uma "pessoa" que está para além da nossa individualidade. A essa "pessoa" chamo Mundo/Universo"?
A esse Mundo diverso culturalmente e colorido chamaria multiculturalidade, sendo cada pessoa um cidadão da sua Cidade e ao mesmo tempo do Mundo.
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