domingo, 29 de julho de 2007

MFI NO ESTÓRIAS DE ALHOS VEDROS



Depois das Férias vamos ter o privilégio de uma visita especial.
O MFI, depois de uma estadia interessante no Largo da Graça, prometeu visitar-nos para abrir um novo espaço de reflexão e de debate.

sábado, 28 de julho de 2007

QUEM VAI VAI, QUEM ESTÁ ESTÁ

O ESTÓRIAS DE ALHOS VEDROS vai de férias, mas deixa-vos uma das suas primeiras publicações: "Vive e Deixa viver", um tributo ao Manuel Neto e uma mensagem sobre a o valor da liberdade individual (de escolha).

Fica também um abraço a todos os nossos leitores, que nos têm acompanhado ao longo deste ano de experiências partilhadas.



Vive e deixa viver
(ao Manuel Neto)

Quando o questionavam sobre seu o modo de vida, Manel Neto, respondia imperativamente: "quem vai vai, quem está está". Sentado à porta da taverna, mesmo no centro da Vila, por onde passavam conhecidos e desconhecidos, Manuel Neto trazia consigo um curriculum invejável: contava-se que nas inúmeras incursões ao balcão da tasca, era capaz de beber um garrafão de vinho, acompanhado de uma e apenas uma azeitona. Se é verdade ou não, nem sabemos (nem interessa para o caso)... mas à porta da tasca, lugar sacralizado pela sua presença diária, o taberneiro colocou uma cadeira onde o religioso se sentava e de onde poderia ver o mundo, claro está o seu mundo, mergulhado no licor que lhe dava cor à vida. De lá, perante o mundo suspirava aforismos sábios sobre o que lhe parecia ser a vida. A mais profunda e sábia foi aquela, cuja mensagem afastava todos aqueles que lhe queriam impor uma forma de vida, com a qual não se identificava: "amigo não empata amigo; inimigo muito menos"; mensagem essa, muitas vezes expressa no aforismo: "quem vai vai, quem está está".E para quem parecia nada saber de ética ou de respeito pela vida dos outros, o Manel, analfabeto de formação, dava lições de alta cultura: quem passa deve seguir o seu caminho e deixar estar quem está, na sua vida, como acha que deve estar.Figura bem popular, amigo de toda a gente, pacifista por integridade, o que não quer dizer que estivesse isento de algumas súbitas fúrias, o Manel Neto era saudado por todos e a todos saudava.Há uma estória engraçada que se conta a seu respeito. Uma vez que foi ao (saudoso) Cinema de Alhos Vedros com o seu filho "Lhites", ao ver aparecer o Leão da Rank Filmes que lhe serve de genérico, vira-se para ele e diz: "Vamos embora "Lhites" que o pai já viu este filme." Uma outra das suas imagens de marca era o seu trinado dentário. Enquanto esbaforia os mais enternecidos vapores etílicos, rangia os dentes de tal forma que pareciam afinados pares de castanholas, findo do qual elegantemente rematava: "Aí, Cão da Lama".Com Carisma e com princípios, que faltam a muita boa gente hoje em dia. Saber viver e deixar viver é um princípio ético muito importante. Nele se resume muito do que se diz (ou se pode dizer) sobre a liberdade individual. Liberdade de cada um poder escolher a sua própria vida, sem imposições exteriores, desde que essa Liberdade individual não interfira com a Liberdade dos outros. Assim se resumia o Aforismo Kantiano, de que "a minha liberdade termina quando começa a do outro", da mesma forma que Manel Neto reafirmava o postulado: "Quem vai vai, quem está está".

sábado, 14 de julho de 2007

ALIUS VETUS


Ai vem mais uma semana de publicações.Tirem as Estórias pessoais da gaveta. Partilhem connosco o que já têm escrito ou que desejam escrever. Lançamos um desafio aos nossos leitores e colaboradores: mandem Estórias sobre / de Alhos Vedros. Mandem as Vossas Estórias, as Vossas recordações, as Vossas experiências. Ficamos à espera!
O nosso e-Mail para onde podem mandar as Vossas Estórias é o seguinte:
vedros.alhos@gmail.com
Autores/ Coordenadores:
Luís Gomes
Luís Santos
Luís Mourinha
Joaquim Nobre

domingo, 8 de julho de 2007

Alhos Vedros: Uma Vila com História


O velho coreto foi-nos mirando através dos anos.
Ali se dispuseram muitas bandas filarmónicas, se expuseram aliados do velho regime durante a revolução de Abril, estiveram grandes nomes da música popular (Fausto, Tino Flores...), artistas de jazz, comediantes, oradores do povo...
Ali viveu o Manel Coveiro, e família!, em tempos de maiores dificuldades. Guardou os seus utensílios o velho Jardineiro, o pai do Luis Jardineiro, amigo de infância, que há mais de trinta anos partiu para a sua aventura da vida (quem sabe o que é feito dele?). O velho jardineiro substituido pelo António Preto, um guineense que era a humildade em pessoa com um sorriso aberto, inesquecível, para todos, mas mesmo todos (e quem sabe o que é feito deles?).
Ali nos empoleirámos, trepámos, corremos, brincámos, desde sempre. Sempre acompanhados pelas palmeiras centenárias, de cujas tâmaras nos alimentámos e às quais, para sacar o delicioso fruto, tantas pedradas mandámos, acabando algumas delas em lugares indesejados. As velhas palmeiras, leitos de pardais.
Restam duas das três palmeiras que existiam ali, no Jardim do Coreto, onde dando à bomba se bebia água da fonte em simultâneo, numa técnica que levou alguns anos a aprimorar. Infelizmente, para se modernizar e alcatroar a estrada que contorna o jardim, uma das palmeiras foi cortada. Que pena. Tão bem que lá ficava hoje. É verdade que já não se pode remediar o mal feito, mas ainda há espaço para se plantar uma nova (ou mais!), a substituir aquela que se perdeu. Quem tiver olhos para ver que veja, quem tiver ouvidos para ouvir que ouça.
Luis Santos

sábado, 7 de julho de 2007


Este Bolg é um espaço literário!Espaço (e tempo) dedicado às "Estórias de Gaveta", que por via digital poderão ascender à categoria (digo, dignidade) de estórias reais, contadas na primeira pessoa.Mande-nos a sua estória, indique um pseudónimo, ou não, e nós publicamos.
Aceitamos as Vossas Estórias, que podem ser enviadas para:
- vedros.alhos@gmail.com
Autores/ Coordenadores:
- Luís Santos
- Luís Mourinha
- Luís Gomes
- Joaquim Nobre

segunda-feira, 2 de julho de 2007

PORQUE ESCREVO...

“Escrever. Porque escrevo? Escrevo para criar um espaço habitável da minha necessidade, do que me oprime, do que é difícil e excessivo. Escrevo porque o encantamento e a maravilha são verdade e a sedução é mais forte do que eu. Escrevo porque o erro, a degradação e a injustiça não devem ter razão. Escrevo para tornar possível a realidade, os lugares, tempos, pessoas que esperam que a minha escrita os desperte do seu modo confuso de serem. E para evocar e fixar o percurso que realizei, as terras, gentes e tudo o que vivi e que só na escrita eu posso reconhecer, por nela recuperarem a sua essencialidade, a sua verdade emotiva, que é a primeira e a última que nos liga ao mundo. Escrevo para tornar visível o mistério das coisas. Escrevo para ser. Escrevo sem razão.”
In Pensar , FERREIRA, Vergílio p.35-36
E é por isso que escrevevo no Estórias de Alhos Vedros, "para evocar e fixar o percurso que realizei".
Luís Mourinha

domingo, 1 de julho de 2007

Tião

Benfiquista, comunista, todo ele é vermelho. Solteiro, homem de serviços, não raramente é visto entre boletins de Euromilhões. Aqui está ele, pleno, de carne e osso, cidadão de Alhos Vedros. Uma simples homenagem a um homem simples.