domingo, 8 de julho de 2007

Alhos Vedros: Uma Vila com História


O velho coreto foi-nos mirando através dos anos.
Ali se dispuseram muitas bandas filarmónicas, se expuseram aliados do velho regime durante a revolução de Abril, estiveram grandes nomes da música popular (Fausto, Tino Flores...), artistas de jazz, comediantes, oradores do povo...
Ali viveu o Manel Coveiro, e família!, em tempos de maiores dificuldades. Guardou os seus utensílios o velho Jardineiro, o pai do Luis Jardineiro, amigo de infância, que há mais de trinta anos partiu para a sua aventura da vida (quem sabe o que é feito dele?). O velho jardineiro substituido pelo António Preto, um guineense que era a humildade em pessoa com um sorriso aberto, inesquecível, para todos, mas mesmo todos (e quem sabe o que é feito deles?).
Ali nos empoleirámos, trepámos, corremos, brincámos, desde sempre. Sempre acompanhados pelas palmeiras centenárias, de cujas tâmaras nos alimentámos e às quais, para sacar o delicioso fruto, tantas pedradas mandámos, acabando algumas delas em lugares indesejados. As velhas palmeiras, leitos de pardais.
Restam duas das três palmeiras que existiam ali, no Jardim do Coreto, onde dando à bomba se bebia água da fonte em simultâneo, numa técnica que levou alguns anos a aprimorar. Infelizmente, para se modernizar e alcatroar a estrada que contorna o jardim, uma das palmeiras foi cortada. Que pena. Tão bem que lá ficava hoje. É verdade que já não se pode remediar o mal feito, mas ainda há espaço para se plantar uma nova (ou mais!), a substituir aquela que se perdeu. Quem tiver olhos para ver que veja, quem tiver ouvidos para ouvir que ouça.
Luis Santos

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