terça-feira, 18 de setembro de 2007

Movimento das Forças Interrogativas

O Movimento das Forças Interrogativas vem com um novo tema propôr uma nova troca de palavras.

Sua Santidade o Dalai Lama, o líder do Budismo Tibetano, esteve de visita ao nosso país pela segunda vez. Alheado de preocupações estritamente políticas, porque para isso existe um governo tibetano, diz ele, a sua mensagem centra-se, sobretudo, na área dos direitos humanos e da harmonia religiosa. Pelo meio lá vai reclamando uma autonomia política para o Tibete que, como sabemos, está ocupado há algumas décadas pela China. Por isso, o Dalai Lama e a sua corte vivem em exílio político numa região da Índia, BodhGaia, se não estou em erro, onde o Buda, o Iluminado, terá atingido a libertação das reencarnações sucessivas a que todo o ser está sujeito até lá chegar.

Naturalmente que as interrogações são imensas:

- Será legítima a ocupação do Tibete pelos chineses?
- Deveria o governo português ter recebido o Dalai Lama?
- Será admissível o sofrimento infligido aos Tibetanos pelas diferenças ideológicas para com o regime político Chinês?
- O que é o Budismo?
- O que é a reencarnação? Afinal, há vida para lá da morte?
- Quais são as diferenças entre o Budismo e o Cristianismo?
- E o Espírito Santo, o que é?
- Deverão os Estados ser laicos? Ou seja, será desejável que o exercício político esteja separado do espírito religioso?

Qualquer uma destas questões serão boas para soltarmos o verbo. Vamos a isso?

14 comentários:

Felicidade na Educação disse...

É importante a diversidade das respostas, uma vez que para o Tibete e para Portugal a agenda é diferente na especificidade. Creio que existirá reencarnação ou transmigração. O Budismo é um lindo comentário à interrogação existencial mais profunda do Homem.
O Cristianismo não é diferente, mas foi-se perdendo no Centralismo do Vaticano, restam os monges Cartuxos e o resto é o social quem mais ordena. O Espírito Santo é um estado de exaltação poético em que o indivíduo participa da Realidade
Cósmica; será igual ou similar ao estado de consciência de Brahm, do Senhor Buddha, de Jesus Cristo e, muito mais Graças aos deuses e a DEUS. O ser humano deve encontrar na sua cultura de nascimento a sua intrínseca verdade religiosa. O que acontece é que com a globalização as pessoas fazem comparações descontextualizadas, vivendo no mundo das ideias sobre as coisas, com sede de experiência fundadora da libertação espiritual. Esta última é transversal e transcende a economia das ideias e do pensamento religioso. Deus não tem religião nenhuma, é uma experiência pessoal de refundação do Universo a que o Homem pode aceder, se para tal dirigir o seu poder de que foi instituído originariamente, (de forma organizada e desorganizada). Tem a meu ver com o regressar à casa de cada um, caindo em Si nas sete quintas... Eduardo Espírito Santo (Gualdim).

Estudo Geral disse...

Muito interessante este tema de discussão, sem dúvida, Mui Digníssimo Irmão Amigo Luís Santos.

Com mais tempo e se isso nos for permitido, ainda sentiremos imensa satisfação em dar nossa modesta achega a tal conversa.

Por ora, queira aceitar nossas Fraternas Saudações…

manuel de sousa
Luanda – Angola

“Virando Terra E Céu Do Avesso”

Não se me cabem os pés no Céu
Não se me cabem as asas na Terra
Não se me cabem as barbatanas em tantos Aquários

Não sei se hei de esconder a cabeça no Subsolo
Não sei se hei de pregar sermões aos Peixes
Não sei se hei de andar sem eira nem beira pelo Deserto

Não quero sentir-me sozinho no meio do total Nada-Tudo
Não quero sentir-me obscuro por entre a Escuridão da Noite
Não quero sentir-me ensombrado pelo som dos Batuques Místicos

Não viajarei em vão ao centro da Mente Cósmica
Não viajarei em vão para além da Razão Divina
Não viajarei em vão pela palma da Mão da Criação

Não atravessarei barreiras nem entraves de um Muro Invisível
Não atravessarei barreiras impenetráveis sem Orientação Astral
Não atravessarei barreiras inexistentes no fundo da Mente Interior

Não serei eu quem porá o primeiro dedo no ar ou sequer na água
Não serei eu quem dissipará as dúvidas e as nuvens carregadas
Não serei eu quem entornará o caldo da sopa primordial…

Porque quero ser eternamente cordial e ser mais um no fim…


Escrito a 17 de Setembro de 2007, em Luanda, Angola, por manuel de sousa, em Homenagem a Sua Eminência, o Honorável Dalai Lama, por altura de sua recém terminada visita de 2 dias a Portugal, onde, ao aceitar o convite do Íman da Grande Mesquita de Lisboa, e ao lado a lado com Judeus, Cristão de diversas confissões, Budistas e com os anfitriões Muçulmanos e outros, que durante alguns instantes, juntos, oraram virados para Meca, dando um grande exemplo de tolerância religiosa e ecuménica ao Mundo, mostrando que sempre é possível Homens de Boa Vontade viverem em harmonia, compreensão e em paz…

Este acto solene, ficou ainda marcado por um especial momento de emotividade, quando um praticante da crença/rito do Espírito Santo, praticada essencialmente nos Açores (prática não aceite pela Igreja Católica), ofereceu ao Honorável Dalai Lama, uma Coroa encimada de uma Pomba em prata, representando o Espírito Santo.

Abdul Cadre disse...

Sobre se a ocupação do Tibete é legítima ou não é legítima, o que de imediato me ocorre dizer é que só é legítima a ocupação de um território por aqueles que dele tiram as características e em contrapartida lhe dão os contornos que o tornam verdadeiramente único.
Dado que as perguntas (e as respostas)se parecem muito com as cerejas, valeria perguntar se a ocupação da Palestina pelo sionismo internacional constituído em estado é legítima ou não.
Considerando eu que não, mas tendo consciência da impossibilidade de repor a justiça total, para obstar a quaisquer mal-entendidos promovidos pelos que achem que estar contra o sionismo é ser anti-semita, que fique bem claro que não renego nem um bocadinho o sangue judeu (que é vermelho como qualquer outro) que herdei por parte do meu pai, que foi o meu primeiro herói de culto. De marroquino tenho só umas pintinhas, duma bisavó que nem sequer conheci, mas verdadeiro-verdadeiro é o sangue que renovo em cada dia e não me deixa embarcar no pensamento politicamente correcto nem na opinião que esteja mais na moda. Por isso e sem ser por isso, louvo a postura do Dalai Lama que, sabendo perfeitamente que nenhuma nação do mundo afrontará a China por causa do Tibete (nem que a China exterminasse fisicamente todos os seus habitantes), diz clara e textualmente que ninguém quer um regresso ao passado, mas apenas o direito dos tibetanos serem livres de escolherem como querem viver e em que querem acreditar. O facto é que os tibetanos, antes ou depois da invasão chinesa, nunca foram livres para tal.
Como diria o engenheiro Guterres, é a vida...

Unknown disse...

A crença ou não na reencarnação é interior e individual, fruto das vivências de cada um e das "samples" da existência.
"Aside" do pensamento budista, devemos então interrogar o sentido da nossa existência e procurar perceber como a evolução/involução, a individuação/integração homem e mulher e o alinhamento espírito humano/espírito universal, constituem uma resposta inteligível

ESTÓRIAS DE ALHOS VEDROS disse...

Só queria deixar uma pergunta (aliás, uma entre várias):
- Quanto vale uma "Causa"?
- Existem causas mais "valiosas" (com mais valor que outras)?
- Quanto vale Timor?

E vale mais receber oficialmente o Empresário Biil Gates?
Ou receber o Cristiano Ronaldo?

E o Dalai Lama?


Se alguém puder que me responda. Os primeiros foram recebidos pelo estado portugûes, o último (?) nem por isso.

Dialógico ponto Com

Felicidade na Educação disse...

Estórias.... Ainda hoje pensava nisso. Como é que nos podemos rever nas lideranças se elas são subservientes?
A minha opinião é que o servilismo internacional aos países mais fortes reflecte o pântano do medo e a liberdade de controlo remoto em que a Humanidade ainda persiste.
Até melhores dias! Eduardo Espírito Santo (Gualdim).

ESTÓRIAS DE ALHOS VEDROS disse...

Tenho andado com o livro " O Ensinamento do Dalai Lama", escrito por Ele mesmo. Nele se diz que o Budismo é uma doutrina que visa a eliminação do sofrimento, de si próprio e de todos os seres. Como se poderá chegar? Através da meditação, da contemplação, da reflexão, respeitando todo um conjunto de princípios e de práticas que não vou enunciar para não tornar muito longo o comentário.

Talvez se possa dizer que a principal orientação dada nesses ensinamentos é de que se deve amar mais os outros do que a si próprio. Servir os outros constitui-se no Budismo como a principal regra de vida.

Logo aqui, a clara relação que se pode estabelecer com uma das máximas da mensagem cristã, "Amem-se uns aos outros...", permite perceber que a mensagem budista tem infinitos pontos de contacto com a mensagem de Cristo.

Ouvimos na televisão o nosso Presidente da República, o senhor Aníbal Cavaco Silva, dizer que não recebeu Sua Santidade, porque não lhe chegou nenhum pedido nesse sentido. Também não disse que se o pedido chegasse o receberia. Mas lá que ele perdeu uma boa oportunidade de conhecer uma pessoa especial com quem poderia aprender mais alguma coisa como, por exemplo, abrir mais levemente o sorris, e de mostrar ao país que os Portugueses sabem bem receber os ilustres visitantes que se dignam cá vir, disso parece não haver dúvidas.

Um chazinho, pelo menos, sempre se deve partilhar até com os inimigos, quanto mais com as pessoas de Bem, poderia muito bem dizer o Dalai Lama. Mas não, diz que são coisas que não o perturbal, porque as questões políticas são para os governantes.

Luis Santos

ESTÓRIAS DE ALHOS VEDROS disse...

Peço desculpa pelos dois pequenos erros ortográficos que aparecem no texto, mas esqueci-me de reler o que escrevi. Embora, olhando de forma enviusada, até se tornem erros com alguma graça.

Bem Hajam.

Luis Santos

ESTÓRIAS DE ALHOS VEDROS disse...

Pois é caro senhor dialógico ponto com, as estrelas da companhia para o protagonismo neo-liberal são os ronaldos e companhia, sem ofensa para com o jovem futebolista. Mas quando se ignora um Homem que preza acima de tudo a compaixão o amor e o serviço em prole da elevação comum, e se sobrevaloriza o pontapé na bola, então está tudo dito.

Quanto à causa do povo tibetano, devo confessar que não conheço muito bem a história desse povo, mas não me parece que ela seja muito diferente da causa do povo Maubere. Quer dizer, o direito de um povo poder decidir sobre o seu destino, num território que lhe foi usurpado pela força, parece-me uma causa de direito inalienável.

Ou será que estamos enganados?

Luis Santos

COMISSÃO NACIONAL DA EDUCAÇÃO BASEADA NA CONSCIÊNCIA disse...

Parece-me que O Dalai Lama defende a autonomia, não a independência. Depois, a questão é também o regime da Teocracia, que também existe no Irão. O poder da China, contudo, não impede a simpatia mundial pela Dignidade Cultural do Tibete. Os poderosos quando não se sabem comportar perdem energia, é o que estamos a assistir... 'Bem Aventurados os mansos de coração, porque eles governarão a Terra'Talvez, daqui a 5 anos, de acordo com o Calendário Maia.
(Gualdim)

CIDE disse...

Uma interrogação: será que as Agendas políticas se adequam à Agendas da luta pelos Direitos Hunmanos?

CIDE disse...

Uma interrogação: será que as Agendas políticas se adequam à Agendas da luta pelos Direitos Humanos?

Sim ou não?
Se não, porque não?

Luís Mourinha

ESTÓRIAS DE ALHOS VEDROS disse...

Por falar em Teocracia, tenho para mim que Deus é liberdade. Naturalmente, uma liberdade com regras, sendo por isso que nos designamos por um Estado de Direito. Uma liberdade onde o processo de iniciação dos noviços seja feito de forma adequada para não deixar que ninguém se perca.

Desde a Revolução Francesa que temos vindo a aperfeiçoar um sistema político de democracia liberal, triunfante da "guerra fria" que ocorreu pela segunda metade do século XX, dada a súbita queda dos socialismos.

Os Socialismos hão-de voltar e veremos, lá mais para a frente, no que vai dar a aventura Chinesa deste Socialismo de Mercado. Esperemos que nos possa trazer um aperfeiçoamento que os liberalismos tardam em conseguir. Dizemos os liberalismos porque eles não são todos iguais se comparamos, por exemplo, o norte com o sul da Europa.

De facto, esta nossa democracia liberal tem tantas limitações que se torna exasperante. Faltam-lhe mecanismos que lhe garantam um melhor funcionamento e que lhe reduzam os incríveis demagogismos, os clientelismos partidários, o situacionismo de partidos (quer dizer, da realidade não ser inteira, íntegra), onde não seja necessário os políticos falarem aos gritos, numa indelicada poluição sonora, quais enganosos vendedores de banha da cobra.

Sente-se a falta de Algo ou de Alguém que esteja acima do Governo, mais lúcido, mais clarividente, que os possam orientar na sua limitada capacidade de gestão do tecido social. Esta inépcia política torna-se ainda muito mais gritante na administração autárquica.

Talvez no lugar de um Conselho de Estado devessemos ter um Conselho de Sábios que muito úteis podiam ser nos desvarios mentais dos nossos líderes políticos. Talvez assim a Justiça legitimasse o Estado de Direito, a Educação formasse pessoas de eficaz participação social, os doentes tratassem da Saúde e o sustento desse muito mais para todos com muito menos trabalho.

Mas já agora, o que é um Sábio?

E não será que, com estas ideias, nos estamos a aproximar de um desejável sistema político Teocrático?

É claro que necessariamente as Agendas Políticas se adequariam definitivamente aos Direitos Humanos.

Luis Santos

ESTÓRIAS DE ALHOS VEDROS disse...

Parece que a troca de palavras sobre o tema proposto esgotou. Muito obrigado a todos os que se dignaram a dar um pouquinho do seu tempo a esta iniciativa. Não foram muitos, mas foram muito bons, e isso encheu-nos de alegria. Bem hajam.