Vive e deixa viver
(ao Manuel Neto)
Quando o questionavam sobre seu o modo de vida, Manel Neto, respondia imperativamente: "quem vai vai, quem está está". Sentado à porta da taverna, mesmo no centro da Vila, por onde passavam conhecidos e desconhecidos, Manuel Neto trazia consigo um curriculum invejável: contava-se que nas inúmeras incursões ao balcão da tasca, era capaz de beber um garrafão de vinho, acompanhado de uma e apenas uma azeitona. Se é verdade ou não, nem sabemos (nem interessa para o caso)... mas à porta da tasca, lugar sacralizado pela sua presença diária, o taberneiro colocou uma cadeira onde o religioso se sentava e de onde poderia ver o mundo, claro está o seu mundo, mergulhado no licor que lhe dava cor à vida. De lá, perante o mundo suspirava aforismos sábios sobre o que lhe parecia ser a vida. A mais profunda e sábia foi aquela, cuja mensagem afastava todos aqueles que lhe queriam impor uma forma de vida, com a qual não se identificava: "amigo não empata amigo; inimigo muito menos"; mensagem essa, muitas vezes expressa no aforismo: "quem vai vai, quem está está".
E para quem parecia nada saber de ética ou de respeito pela vida dos outros, o Manel, analfabeto de formação, dava lições de alta cultura: quem passa deve seguir o seu caminho e deixar estar quem está, na sua vida, como acha que deve estar.
Figura bem popular, amigo de toda a gente, pacifista por integridade, o que não quer dizer que estivesse isento de algumas súbitas fúrias, o Manel Neto era saudado por todos e a todos saudava.Há uma estória engraçada que se conta a seu respeito. Uma vez que foi ao (saudoso) Cinema de Alhos Vedros com o seu filho "Lhites", ao ver aparecer o Leão da Rank Filmes que lhe serve de genérico, vira-se para ele e diz: "Vamos embora "Lhites" que o pai já viu este filme." Uma outra das suas imagens de marca era o seu trinado dentário. Enquanto esbaforia os mais enternecidos vapores etílicos, rangia os dentes de tal forma que pareciam afinados pares de castanholas, findo do qual elegantemente rematava: "Aí, Cão da Lama".
Com Carisma e com princípios, que faltam a muita boa gente hoje em dia. Saber viver e deixar viver é um princípio ético muito importante. Nele se resume muito do que se diz (ou se pode dizer) sobre a liberdade individual. Liberdade de cada um poder escolher a sua própria vida, sem imposições exteriores, desde que essa Liberdade individual não interfira com a Liberdade dos outros. Assim se resumia o Aforismo Kantiano, de que "a minha liberdade termina quando começa a do outro", da mesma forma que Manel Neto reafirmava o postulado: "Quem vai vai, quem está está".
http://estoriasdeoutrosvelhos.blogspot.com
(ao Manuel Neto)
Quando o questionavam sobre seu o modo de vida, Manel Neto, respondia imperativamente: "quem vai vai, quem está está". Sentado à porta da taverna, mesmo no centro da Vila, por onde passavam conhecidos e desconhecidos, Manuel Neto trazia consigo um curriculum invejável: contava-se que nas inúmeras incursões ao balcão da tasca, era capaz de beber um garrafão de vinho, acompanhado de uma e apenas uma azeitona. Se é verdade ou não, nem sabemos (nem interessa para o caso)... mas à porta da tasca, lugar sacralizado pela sua presença diária, o taberneiro colocou uma cadeira onde o religioso se sentava e de onde poderia ver o mundo, claro está o seu mundo, mergulhado no licor que lhe dava cor à vida. De lá, perante o mundo suspirava aforismos sábios sobre o que lhe parecia ser a vida. A mais profunda e sábia foi aquela, cuja mensagem afastava todos aqueles que lhe queriam impor uma forma de vida, com a qual não se identificava: "amigo não empata amigo; inimigo muito menos"; mensagem essa, muitas vezes expressa no aforismo: "quem vai vai, quem está está".
E para quem parecia nada saber de ética ou de respeito pela vida dos outros, o Manel, analfabeto de formação, dava lições de alta cultura: quem passa deve seguir o seu caminho e deixar estar quem está, na sua vida, como acha que deve estar.
Figura bem popular, amigo de toda a gente, pacifista por integridade, o que não quer dizer que estivesse isento de algumas súbitas fúrias, o Manel Neto era saudado por todos e a todos saudava.Há uma estória engraçada que se conta a seu respeito. Uma vez que foi ao (saudoso) Cinema de Alhos Vedros com o seu filho "Lhites", ao ver aparecer o Leão da Rank Filmes que lhe serve de genérico, vira-se para ele e diz: "Vamos embora "Lhites" que o pai já viu este filme." Uma outra das suas imagens de marca era o seu trinado dentário. Enquanto esbaforia os mais enternecidos vapores etílicos, rangia os dentes de tal forma que pareciam afinados pares de castanholas, findo do qual elegantemente rematava: "Aí, Cão da Lama".
Com Carisma e com princípios, que faltam a muita boa gente hoje em dia. Saber viver e deixar viver é um princípio ético muito importante. Nele se resume muito do que se diz (ou se pode dizer) sobre a liberdade individual. Liberdade de cada um poder escolher a sua própria vida, sem imposições exteriores, desde que essa Liberdade individual não interfira com a Liberdade dos outros. Assim se resumia o Aforismo Kantiano, de que "a minha liberdade termina quando começa a do outro", da mesma forma que Manel Neto reafirmava o postulado: "Quem vai vai, quem está está".
http://estoriasdeoutrosvelhos.blogspot.com
3 comentários:
Subject: Estórias de Alhos Vedros !
Sugestão: porque não criar um espaço de Blog ou uma publicação com estórias de Alhos Vedros?
Eu tenho algumas para contar. Calculo que outras pessoas também tenham.
Um abraço,
Luís Mourinha
Alhos Vedros, 3 de Dezembro 2006
OK. Parece que está tudo a funcionar.
Acabei de criar um e-mail no gmail: vedros.alhos@gmail.com
(não pode ser o que tu querias).
Luís Santos
(inicio do Blog, em 30 de Dezembro 2006)
O Blog "ESTÓRIAS DE ALHOS VEDROS" iniciou-se com um primeiro contacto (dia 3 de Dezembro 2006)entre os Coordenadores (Luís santos e Luís Mourinha), filhos da Terra, sobre a possibilidade de se construir um espaço de publicação/divulgação de Estórias vividas e/ ou ficcionadas, que tivessem com "fundo" a Vila de Alhos Vedros.
Foi assim que o Blog começou, mas só mais tarde, em 30 de Dezembro os mecanismos informáticos estariam operacionais.
Ass: Estórias de Alhos Vedros
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