segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

ALTERNATIVAS

Falar um bocadinho de mim também não faz mal. Mesmo que seja num Jornal público, as questões privadas até podem interessar a outras pessoas. Afinal de contas, sempre que escrevemos ou falamos, as nossas referências são as nossas próprias vivências, as experiências vividas na primeira pessoa. A avalanca que faz girar o mundo é o Eu, o nosso eu, se for partilhado e/ ou vivenciado.
Não fiquem preocupados. Não vou contar a estória da minha vida, pois, afinal de contas sou apenas um Professor a tentar ser profissional, o melhor possível, dentro de todos os condicionalismos que hoje em dia são mais do que conhecidos.
No passado fim-de-semana estive em Formação. Mais uma das formações que nós, os Professores, fazemos, umas vezes por opção e gosto pessoal, outras por obrigação, em nome da carreira e da progressão. Desta vez foi por opção! A opção paga-se com fins-de-semana e com dinheiro, que se contabiliza em Euros.
A Presseley Ridgge, empresa americana está a expandir-se em Portugal com um conceito muito interessante: a Aprendizagem Vivencial. Não é um conceito novo em Portugal nem na Pedagogia conhecida. Tem origem e muitas semelhanças com as metodologias de Dewey, que resultaram em técnicas de trabalho de Projecto e em perspectivas que apostam no saber-fazer, vivenciado e construído pelo próprio aprendente. Aprende-se a partir do que se sabe e constrói-se saber, aprendendo. Aposta-se na investigação e na interacção.
A Aprendizagem vivencial, entre outras dimensões, dirige-se a um saber ser e estar que hoje em dia faz sentido nas Escolas portuguesas. Já lá vai o tempo em que o Professor apenas tinha como tarefa o saber-saber. Era o saber das matérias, dos conteúdos, que vulgarmente se designava por instrução. Hoje as Escolas têm de responder e corresponder a desafios mais exigentes, que se prendem com os domínios da educação, ou seja, com a aprendizagem do ser e do estar com os outros. A indisciplina é um facto e as famílias já não conseguem resolver estas questões, que agora foram devolvidas às Escolas. E esse é o maior dos Problemas. Diariamente os profissionais da educação se debatem com um difícil dilema: desculpar para integrar ou ser rígido e inflexível?
Mas, a Aprendizagem vivencial é muito mais do que isto e na sua essência poderia ser um referencial pedagógico e civilizacional. Este modelo posta na Formação de Adultos para que eles possam responder aos novos desafios. São os desafios da diferença cultural, da comunicação e da liderança, entre outros. Os Psicólogos e os Professores são os principais destinatários. Através de dinâmicas e de simples jogos aprende-se fazendo, digo, experimentando estratégias de comunicação, para melhor corresponder às dinâmicas muitas vezes incompreensíveis dos grupos de risco e das nossas Turmas em vias de risco permanente.
Ao contrário do que se diz, penso que o mal não está nas pedagogias, mas na escolha das melhores pedagogias. Uma pedagogia que olha as pessoas de frente que as ouve e que as põe a funcionar a partir de si próprias é a única que faz sentido. O sentido é tudo com o qual nos identificamos. E só aprendizagem efectiva quando as matérias e as estratégias fazem sentido. Porque será que muito jovens não se identificam com a Escola (digo, ensino) que frequentam? Qual o sentido daquilo que aprendem?
Para mim, fez muito sentido esta Formação em Aprendizagem Vivencial, que pode ser uma boa alternativa. Por isso recomendo e deixo aqui algumas referências electrónicas:

http://www.pressleyridge.org/

http://outform.org/outschool/OutSchool_Geral/OutSchool.html

in Jornal Margem Sul

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