segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A minha rua sabe a mar

Da minha rua vê-se o mundo inteiro.

Então, sair da minha rua para quê?

Para sentir o mundo inteiro como uma rua.


LC

Figuras da minha Terra

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A PESSOA E APOLOGIA DA DIVERSIDADE
No último Artigo escrevi sobre a “pessoa” que está em cada um de nós, por intermédio da língua que falamos, a cultura partilhada, no nosso caso a “portugalidade”.
Sempre me fascinou o sentido oculto da “persona” do latim, que os gregos antigos conotaram com a “máscara” que existe em cada um de nós. Tudo isto me transporta numa viagem até às máscaras do poeta, Fernando Pessoa, que, melhor que ninguém se desdobrou um múltiplas “pessoas”, personalidades distintas e ao mesmo tempo complementares. Seria interessante se conseguíssemos perceber quantas e quais as máscaras que estão contidas na nossa pessoa!?
Não sei se este é o Fernando Pessoa dos académicos, dos grandes estudiosos da literatura portuguesa. Provavelmente nem estou a abordar o poeta como deve ser!? Mas suponho que ele tenha percebido, melhor que ninguém, a multiplicidade interior que há em nós. É como se cada um fosse diverso, múltiplo e plural, o que vai ao encontro da noção de persona cultural, como se diz hoje, multicultural. Por isso (e não só), nunca perco a oportunidade para celebrar a multiculturalidade que há em mim e que estava presente nos escritos do poeta.
Estou convencido que é isso que nos marca e demarca como povo; essa tendência e presença de diversidade em cada português, mesmo naqueles que ainda não se aperceberam disso. Curiosa é a identidade entre o que o poeta escreveu e aquilo que somos: o Modernismo assentava nessa diversidade e pluralidade, na nossa alma de cidadãos diversos interiormente; múltiplos com várias máscaras, identidades, seres inquietos á procura do que realmente somos.
Gostaria de aproveitar o privilégio de poder escrever no Margem Sul para fazer a Apologia da Diversidade, quer através do grande mensageiro que foi Pessoa, quer através de iniciativas que as Escolas e outras Entidades continuam a fazer em nome desta “causa”. Primeiro, o elogio ao facto de nas Escolas ainda se aprender (estudar) Fernando pessoa e “as pessoas que ele contém”. Em segundo lugar, aproveitar para reforçar a ideia de que as Escolas continuam a ser os poucos espaços em que se respeita e estimula a diversidade. A Cidadania e a Ética continuam a ser preocupação de Professores e Educadores, mesmo quando lá fora (das Escolas) prevalece o individualismo e o egoísmo atroz. Estou convencido que o nosso maior deficit é de cidadania, muito pior do que o deficit económico. Precisamente quando não conseguimos ver o outro que há em cada pessoa. “Viver é ser outro”, dizia Bernardo Soares (heterónimo).
Só a consciência deste mal nos poderá conduzir a um bem. O mal é o individualismo capitalista que se apoderou de nós; o bem é a diversidade, uma riqueza, talvez a maior das riquezas: a aceitação da pessoa múltipla que existe em cada de nós. Deixo-vos a palavra do Poeta: “Sê plural como o Universo” e também alguns Sites que celebram e estudam a multiculturalidade muitas vezes em conflito aparente com a globalização:

http://olhosdever.wordpress.com/2008/04/14/multiculturalidade/

http://www.apfilosofia.org/documentos/pdf/JMAndreIdentidade(s)_Multiculturalismo.pdf

http://www.areaprojecto1.blogspot.com/



Luís Manuel Mourinha
in Jornal Margem Sul
Barreiro

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Festival Musidanças

LUSOFONIA, MESTIÇAGEM, SOM LUSO E MISTURA DO SER HUMANO

Para uns são um conjunto de identidades culturais apresentadas de forma simples ou mais ou menos misturadas.

Angola, Brasil, Cabo Verde, Comunidades Lusófonas espalhadas pelo mundo, Cidadãos estrangeiros a residir em Portugal, Galiza, Guiné Bissau, Goa, Macau, Moçambique, Portugal, S. Tomé e Príncipe, Timor Leste.

Nem sempre o reconhecimento da identidade indígena prevaleceu, mas temos que reconhecer a coragem para enfrentar o desconhecido, a criação de alianças e fraternidades, transformando e deixando-se transformar.

Do contacto entre o povo colonizador e os povos resultou um intercâmbio a vários níveis sendo deles a mais profundo o da miscígenação.

Eu sou Mulato, português nascido em Angola, de pai branco e mão negra.

No século XIX o Brasil é reconhecido internacionalmente como o país da mestiçagem.
A mistura do ser humano de origem diversa teve valorização variável através dos tempos.

A mestiçagem corrigiu a distância social.

A mestiçagem é um facto histórico a que não cabe condenar ou elogiar.

O que levou os colonialistas á mestiçagem ?

A escassez das mulheres brancas na população ou a alegada pré-disposição colonizadora para contactos inter-raciais ?

O resultado concreto foi a formação de um povo novo.

Eu preconizo um Homem com raças, misto quer seja de pigmentação quer seja de cultura.

Mestiçagem é sinónimo de diversidade.

Mestiçagem é o conhecimento do outro através da mestiçagem de culturas, é conhecer a língua, a cultura, a religião dos outros e manifestar respeito pelos outros, pela diferença e pela partilha da vida.

Existem diversidades e semelhanças nas culturas.

Ao ser mestiço cultural deixa-se de ser mediador entre culturas e acaba-se por identificar o seu pensamento com o das outras culturas.

Existe na actualidade uma identidade cultural que pode ser partilhada pelos vários países e comunidades, ser vivida em comum e partilhada na diversidade e enriquecida.

Uns dizem que a lusofonia é uma ilusão, mas que existem vestígios da presença portuguesa no mundo é uma grande verdade.

Assim como é uma grande verdade que há marcas na cultura portuguesa de vestígios das culturas dos países por onde passaram.

Agora o que não tem existido é um assumir dessas marcas, um pesquisar e descobrir essas marcas no tempo, um informar as gerações das suas origens, suas influências, não tem existido o aceitar desinibido da presença dessas culturas no presente momento em Portugal, do deixar através dos mecanismos próprios brotar e deixar vir á luz a profusão, a riqueza da presença desses povos.

Mas não é só Portugal que tem que ser alertada para a riqueza desta fonia. São os próprios brasileiros no Brasil que possivelmente pouco sabem sobre os outros irmãos da mesma língua, são os Angolanos, os Guinéus, os Cabo Verdeanos, os São Tomenses, os Moçambicanos, os Goeses, os Macaense, os Timorenses, as comunidades lusófonas espalhadas pelo mundo.

A união em torno da língua é importante pois torna-nos numa força com mais poder até internacionalmente.

Os outros povos também precisam de ser alertados para a não vergonha de se falar em português e para a necessidade de se falar nas suas línguas maternas e fundir.

Com um fio condutor que será o português temos já as línguas angolana, cabo verdeana (e de que maneira), a guineense, a moçambicana, a brasileira, a portuguesa etc.
Cada país contribuirá com o que de melhor tiver em prol do desenvolvimento e conhecimento dos outros sem problemas de quem está a controlar quem.

Se existem vícios coloniais também existem preconceitos anti coloniais.

Se um galego ou francês se identifica com a cultura portuguesa, a aprende, vive, a desfruta, quem somos nós para dizer que não pertence á lusofonia.

Mais forte que a dialéctica construída á volta desta palavra, são as vivências e essas ninguém as consegue apagar.

Mais uma vez o Musidanças aconteceu neste ano de 2008. Aconteceu com o apoio principal dos Toca a Rufar e sem o qual não teria sido possível a sua realização.
Obrigado Toca a Rufar.

Também daqui vai um obrigado especial para todos os artistas, músicos e participantes no evento deste ano.

Para um melhor funcionamento dos próximos Musidanças agradecia da vossa parte opiniões, criticas, etc..., ao Musidanças findo.

Um grande Abraço

Firmino Pascoal