segunda-feira, 5 de março de 2007

CACAV - e agora?

A Cooperativa de Animação Cultural de Alhos Vedros (CACAV) comemorou o seu vigésimo aniversário no passado dia 9 de Maio. Antes da CACAV se constituir como entidade legal, diga-se, precedeu-a o Grupo de Animação Cultural de Alhos Vedros (GRAÇA) que durante dois anos foi desenvolvendo as suas iniciativas, até ter decidido desaguar na dita cuja. Portanto, com algum rigor, e já que o grupo era o mesmo, pode dizer-se que esta associação de pessoas já dura há vinte e dois anos.

É, portanto, uma Cooperativa que tem já um historial que se alonga no tempo, sendo disso testemunho um conjunto de variadíssimas actividades que em muito enriqueceram a vida cultural do Concelho da Moita e, sobretudo, da vila de Alhos Vedros que lhe dá sede.

Quem não se lembra da Rádio Opção, do “show” Maestro António Vitorino de Almeida, de ser notícia de abertura do Telejornal num encontro de solidariedade para com o povo de Timor Leste, da vinda do Professor Agostinho da Silva e das inúmeras actividades com ele relacionadas que se organizaram a partir daí, dos ateliers e exposições de arte, das noites de Lua-Cheia, dos encontros sobre História Local, das Comemorações do Foral, de reflexões sobre o Ambiente, dos livros editados, etc., etc., etc.

Pode-se não gostar do estilo e das relações políticas que se lhe encontram associadas, mas é inegável que o historial da CACAV tem um valor que estará muito acima do meritório. Nascida ligada a pessoas que em boa parte se situavam na extrema-esquerda política, mas não todas, durante muitos anos a CACAV foi, aqui e ali, tentando afirmar-se como um movimento supra-partidário e apartidário que fazia do serviço comunitário a sua principal divisa e, queremos crer, ainda faz.

Agora mais de regresso às suas origens políticas, já que foi para aí que penderam as suas relações de força, auto-afastados que estão alguns dos seus mais preciosos elementos e caduca nos estatutos, como se a sua actualização pudesse pôr em causa alguns dos equilíbrios em que ela se cristalizou.

Mas continua a CACAV com um conjunto de actividades muito digno, como são o caso dos ateliers de arte, da Escola Aberta Agostinho da Silva, em espaço utilizado por alguns jovens para os seus encontros, ensaios musicais, etc.

Simultaneamente, também nos parece que a CACAV se vai consumindo numa dinâmica um pouco gasta, repetitiva, com alguma falta de criatividade, onde alguns dos bons acontecimentos culturais que propicia acabam por não ganhar a dimensão devida e a impedem de se constituir como uma referência de excelência na terra.

Assim, pensamos que uma reflexão sobre a CACAV pode ser muito interessante e esperamos que possa ajudar a iluminar mais ainda o seu caminho.

Luis Santos

P.S.: Este textinho precedeu uma reflexão que ocorreu na Cooperativa, durante duas tardes de Domingo. Esperemos que dê frutos.

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